quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Canção do Dia - MAÇADEIRAS DO MEU LINHO - Minho


O Linho

Depois do artigo sobre o linho veja também a letra da canção.






  Fonte:http://impressoeseintimidades.blogspot.pt/2006/03/o-linho.html

A preparação do linho era muito morosa, requerendo muito paciência e muito TRABALHO. Para começar, a planta donde se extraía o precioso material tinha se ser semeada em Outubro. Em Maio, com as plantas nascidas e crescidas era necessário mondá-las, ou seja, arrancar as ervas daninhas que se aproveitavam da humidade da terra e dos nutrientes destinados às outras para proliferar. Uma vez esta tarefa cumprida, livres as desejadas plantas para crescer e maturar sem competição, deixavam-se por mais dois meses entregues aos elementos e ao clima até serem arrancadas no mês de Julho. Depois de arrancadas, arranjavam-se as plantas em molhos que eram açoitados para se extraíam as semente. Depois disso eram transportados ao rio onde eram imersos em água corrente durante cinco dias. Decorrido esse tempo, retiravam-se e expunham-se ao sol por dois dias até estarem plenamente secos. Os corpos desidratados das plantas eram então pacientemente malhados com um instrumento de madeira (maçadouro), dilacerando os caules lenhosos e expondo o conteúdo fibroso. De seguida “espadava-se” a matéria obtida e o linho ficava em “estriga”. As “estrigas” eram então “assedadas” (cedadas?), numa operação em que era separada a estopa grossa do linho fino, fazendo passar várias vezes pequenas quantidades por um pente de metal (cedeiro). Finalmente, a matéria obtida desta operação estava pronta a ser fiada. Mas não terminava aqui a árdua preparação do linho. Depois de fiado, o linho era “ensarilhado” em meadas usando um argadilho e de seguida as ,eadas eram “empoetadas” com cinza. Esta operação consistia em colocar as meadas em camadas alternadas com cinza num caldeirão, cobrir de água a pilha e fazer ferver o linho. Após cozidas, as meadas tinham de ser lavadas e expostas ao sol até descorarem até ao tom desejado. Finalmente estava o linho pronto a ser dobado em novelos, e tecido. O espinhoso processo de obtenção do linho era aligeirado por algumas tradições que iam ocorrendo ao longo da preparação. As diversas tarefas eram efectuadas por bandos de moças. Quando o linho era mondado, os rapazes precaviam-se para não serem apanhados sós pelas raparigas. Se isso acontecesse, o pobre incauto sofria um atentado colectivo em que o grupo das moçoilas “contava os galhos” ao desgraçado. A enganadora expressão significava que o mancebo era imobilizado e os testículos tacteados. Se era uma OPORTUNIDADE para estabelecer a virilidade do efebo ou apenas uma pequena vingança feminina não sei. Mas por mais que a feminil ousadia pareça inócua, a verdade é que as castas jovens por vezes executavam a tarefa com um entusiasmo impetuoso que podia deixar o desacautelado macho muito doloroso por alguns dias. Quando as moças levavam o linho ao rio, os rapazes aproveitavam A OPORTUNIDADE para namoriscar, sufruindo do facto de as jovens estarem livres da feroz vigilância paternal mas ainda assim acompanhadas umas das outras para que a honra das ditas não fosse maculada.

Maçadeiras do meu linho

Maçadeiras do meu linho maçai o meu linho bem
Maçadeiras do meu linho maçai o meu linho bem
Ai maçai o meu linho bem maçai o meu linho bem

Não olheis para o portelo que a merenda já lá vem
Não olheis para o portelo que a merenda já lá vem
Ai que a merenda já lá vem que a merenda já lá vem

Fio linho fio estopa toda a casta do fiar
Fio linho fio estopa toda a casta do fiar
Ai toda a casta do fiar toda a casta do fiar

Fio corda de viola para o meu amor tocar
Fio corda de viola para o meu amor tocar
Ai para o meu amor tocar para o meu amor tocar

Ó minha mãe dos trabalhos para quem trabalho eu
Ó minha mãe dos trabalhos para quem trabalho eu
Ai para quem trabalho eu para quem trabalho eu

Trabalho mato o meu corpo não tenho nada de meu
Trabalho mato o meu corpo não tenho nada de meu
Ai não tenho nada de meu não tenho nada de meu

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